natureza da globalização
Luciano Coutinho
Originário do mundo jornalístico o termo “globalização” logo vulgarizouse e ganhou numerosos adeptos no universo político-ideológico. Alguns acadêmicos apressados (Ohmae, 1990) imaginaram, equivocadamente, que um mundo econômico sem fronteiras resultaria de uma suposta queda generalizada das barreiras comerciais e não-comerciais no intercâmbio internacional.1 O evidente conteúdo ideológico emprestado ao termo “globalização”- fatalidade à qual todos os países deveriam se submeter, abrindo incondicionalmente suas fronteiras econômicas - provocou, sem dúvida, grande rejeição no meio científico.
O que esta nota pretende responder é, exatamente, se o termo
“globalização” pode especificamente corresponder a fenômenos genuinamente novos, dentro da evolução do capitalismo pós-80 ou se deveria ser tratado apenas como mais um artifício ideológico.
Argumentaremos, neste breve artigo, que a economia mundial capitalista foi efetivamente objeto de rápidas e importantes transformações ao longo dos anos 80, de tal forma a configurar uma etapa nova e mais avançada de progresso tecnológico e de acumulação financeira de capitais; ou seja, caracterizando um estágio mais profundo e intenso de internacionalização da vida econômica, social, cultural e política. Por conseguinte, se especificarmos criteriosamente os processos recentes de transformação será possível atribuir conteúdo objetivo e nítido ao conceito de “globalização”.
Assim, consideraremos que a globalização pode ser entendida como um estágio mais avançado do processo histórico de internacionalização, correspondente a:
1.
Uma etapa de forte aceleração da mudança tecnológica, caracterizada pela intensa difusão das inovações telemáticas e informáticas e pela emergência de um novo padrão de organização da produção e da gestão na indústria e nos serviços; padrão esse caracterizado pela articulação das cadeias de suprimento e de
distribuição