A natureza da globalização
A ideia de globalização, que bem parecia superar todas as barreiras, se mostra algo banal. A globalização naturaliza-se. Globalização, mundialização, planetarização são palavras que, cada vez mais, começam a construir uma nova comunidade de destino, em que a vida de cada um já não se acharia mais ligada ao lugar ou ao país onde se nasceu, pelo menos, não do mesmo modo que antes.
A sobrevalorização da escala global atinge seu auge por intermédio da afirmação daqueles que se afirmam por meio dessa escala global: as grandes corporações transnacionais, as organizações multilaterais – o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a Organização Mundial de Comércio (OMC), as organizações não-governamentais, todas instituições (e os sujeitos e grupos que as mantêm) que se afirmam deslocando o papel dos estados nacionais (e os sujeitos que os sustêm). Desnaturalizemos, pois, esses termos tão emblemáticos: transnacionais – internacional – mundial – não-governo (escala) nacional. Assim, globalização não é um termo neutro.
A partir de pontos de vistas tão diferentes – iluminista burguês, marxista, anarquista, ecologista e, até mesmo, de um grande executivo de uma multinacional - , é grande o fascínio da ideia de globalização como superação das fronteiras e das barreiras locais e nacionais.
À politização e à contracultura de Maio de 1968 contrapõe-se a técnica de julho de 1969. Enrique Leff propõe uma racionalidade ambiental, em que as razões específicas possam se encontrar por meio da cultura e da autonomia dos povos.
Ao mesmo tempo, o desafio ambiental será apropriado de um modo muito específico pelos protagonistas que vêm comandando o atual período neoliberal