Natal e os estrangeiros
Influência Americana e Mudança dos Costumes
A presença norte-americana em Natal mudou os hábitos de uma pequena cidade nordestina.
Lenine Pinto relata que "dos bares vazava a música das Wurlitzers, das lojas o burburinho de consumidores ávidos e, quando as ruas esvaziavam-se, acendiam-se os salões de bailes, fluíam fantasias (...) Naquele tempo as festas sucediam-se freneticamente, dançava-se freneticamente, amava-se freneticamente".
A Cidade do Natal modificou-se de maneira muito significativa com a presença do grande número de militares estrangeiros aqui sediados. Do entrosamento entre americanos e jovens natalenses resultaram alguns casamentos. O drama das jovens, não só natalenses, mas nordestinas que não tiveram os seus romances com jovens americanos referendados pelo casamento, é descrito pelo poeta Mauro Mota no seu "Boletim Sentimental da Guerra no Recife", através dos versos:
"Meninas, tristes meninas, de mão em mão hoje andais.
Sois autênticas heroínas da guerra, sem ter rivais.
Lutastes na frente interna com bravura e destemor.
À vitória aliada destes o sangue do vosso amor.
Ingênuas meninas grávidas, o que é que fôstes fazer?
Apertai bem os vestidos pra família não saber.
Que os indiscretos vizinhos vos percam também de vista.
Saístes do pediatra para o ginecologista".
Surgiram associações recreativas como, por exemplo, os "Clubes 50". Tanto o Aéro Clube como igualmente o "Clube Hípico", foram alugados com o objetivo de realizar bailes. A finalidade principal, certamente, era promover uma maior integração dos militares norte-americanos com a população natalense. Houve, por causa disso, uma invasão de ritmos estrangeiros: "rumba", "conga", "bolero".
As moças passaram a agir com mais autonomia e, conforme relata Lenine Pinto, "tendo incorporado modos e modismos americanos, algumas aproveitaram para alongar o passo: começaram a fumar (por ser o Chesterfield um cigarro "fraquinho", era a desculpa); a