Nascido No Bairro Pobre Da Pequena Paracatu
Paracatu — Na diretoria da escola estadual Dom Serafim, um porta-retratos de moldura prateada chama a atenção em meio a listas de chamada e livros didáticos. Nele está a fotografia de um homem negro, engravatado e com a expressão sisuda. As crianças de origem simples que por ali passam diariamente se orgulham da imagem exposta no colégio. Os poucos que desconheciam a identidade daquele cidadão com ares de autoridade agora não hesitam em proclamar, com certa intimidade: “É o ministro Joaquim Barbosa”. O mais ilustre ex-aluno da escola Dom Serafim virou celebridade não só entre os estudantes da instituição, localizada em um bairro pobre do município mineiro de Paracatu. Na terra natal do relator do mensalão, sua fotografia e histórias estão em toda parte. Nas praças e ruas de pedra da pacata cidade histórica, marcada pelo ciclo do ouro, familiares e conterrâneos de Joaquim Barbosa reveem a trajetória do futuro presidente do Supremo Tribunal Federal — que completou 58 anos ontem.
Barbosa passou a infância no bairro do Santana, bem próximo à Igreja Matriz de Santo Antônio, principal ponto turístico do município. No terreno da Rua Espírito Santo, onde viveu até os 16 anos, ainda estão alguns familiares do ministro, como primos e um tio paterno. A casa de seus pais foi demolida e deu lugar a uma construção de dois andares, hoje ocupada por integrantes de um movimento de luta pela moradia. Na fachada, está pendurada uma bandeira vermelha.
Joaquim Barbosa nasceu em uma família bastante carente, que valorizava a educação. Ainda menino, ele ajudava o pai, dono de uma olaria. Mas perdia noites e noites sobre os livros, seus companheiros inseparáveis. Outro amigo de todas horas e parceiro de peladas era Bordan, que hoje, aos 54 anos, em nada lembra um atleta da bola. “Pois é, com esse meu peso todo ninguém consegue imaginar que