Nas asas do vôo livre
No dia 28 de abril, a tarde emergiu entre nuvens. A previsão indicava chuva para o fim da tarde e à noite. Mas aprendi que no vôo livre, a experiência fala mais alto. O instrutor de parapente Pablo Milholo manteve o vôo para as 16h e não passava das 15h quando o céu limpou e revelou todo o seu fulgor. Era a primeira vez que me arriscava numa aventura pelos ares, embora já tivesse sentido a adrenalina no sangue em outros esportes radicais. Mais do que vencer o próprio medo, os esportes radicais são uma boa oportunidade para quem quer testar os próprios limites e deseja encarar desafios em contato com a natureza. Marquei com o instrutor de parapente na área da antiga Feira da Paz. Ele foi pontual e então partimos rumo ao Pico do Ibituruna. Durante o caminho pude ter um bate-papo informal com Pablo, que contou um pouco sobre suas experiências. Piloto há 13 anos, Pablo Milholo me revelou que pratica o vôo livre desde 1997, mas só em 2003 se tornou instrutor. Quando criança, ele já sonhava em se entrever nos ares a cada brincadeira com seu aviãozinho de papel. A paixão pelo esporte foi tão avassaladora que Pablo largou a Engenharia Elétrica e o trabalho para se dedicar exclusivamente ao vôo livre. Em meio aos solavancos do carro durante a subida íngrime do pico, o piloto me revelou que a sensação que tem a cada vôo é diferente. Para quem já voou em vários lugares do Brasil e tem experiência de vôo em países como França, Suíça, Alemanha e Áustria, imagino que o esporte deve ser instigante ao extremo. Afinal de contas, quem nunca observou a revoada dos pássaros com um desejo intrínseco de fazer parte daquele momento sobre asas? As asas do vôo livre levaram Pablo longe. Hoje, o piloto possui uma longa experiência em campeonatos na bagagem, levando, em muitos, o título de campeão para casa. Pablo Milholo explicou que o seu recorde de vôo foi de 5h 40 minutos, voando a uma distância de 160km de Governador Valadares a Santo Amaro de Minas.