narradores de jave
A primeira consideração a ser feita é a forma de narrativa. Narrado por Zaqueu, após o alagamento da cidade, retrata a cidade uma única perspectiva, sem diálogos com os outros moradores. O filme dá-se a partir de memorias de Zaqueu, e são elas que introduzem Pedro Biá, os outros moradores e a problematização de escrever a historia cientifica. O filme, ou melhor, o conto de Zaqueu, caracteriza-se por diálogos. Não no sentido mais estreito da palavra, mas no sentido de estabelecer nos mais diversos campos de conhecimento uma correspondência dentro do filme. Partindo deste pressuposto temos o primeiro dialogo já nos minutos iniciais do filme: A odisseia do vale de Javé, termo que remonta os poemas épicos dos antigos gregos, atribuída a Homero, a Odisseia era composta de 24 cantos e passada de geração a geração, até certo momento, pela oralidade. Os moradores de Javé terão a missão, assim como a de Homero, de escrever sua historia e imortaliza-la.
Na primeira vista, fica bem claro a ilusão que o nordeste constitui-se apenas de pobreza, que de lá não se tiram historias, feitos e acontecimentos. A Hidrelétrica trazia consigo um dialogo ainda mais atual: a degradação do meio ambiente e suas consequências para as populações ribeirinhas que fazem-se obrigadas a reconstruir suas vidas, seu trabalho e suas moradias. Estas e aquelas atribuições constituem o que viria a ser o dialogo, que podemos dizer de certa forma, o central do filme: A questão memoria – história. Retratada e que viria a ser escrita por Pedro Biá. Denominada no filme de A história cientifica.
A história cientifica, traz consigo uma reflexão critica. Cada morador atribui à cidade, uma perspectiva, uma interpretação