Narciso
Diz-se que ao nascer, os sábios orientaram sua mãe que jamais deveria deixar o menino olhar sua imagem em um espelho, pois o choque ao ver sua beleza seria imprevisível. Assim viveu o garoto, até que um dia, durante uma caçada em meio ao bosque, parou para tomar água em um lago que ali havia. Ao ver sua imagem refletida nas águas serenas do lago, tal como um espelho, viu imagem de tamanha beleza que tão logo a contemplou já se apaixonou e então, perdido de amor, tentava abraçar a imagem mas sempre que tocava o lago ela se desfazia em suas mãos.
Depois de muito tentar, percebeu que tratava-se de um amor impossível e, já sem esperanças, decidiu matar-se ali mesmo, à beira do lago. E do sangue que regou a terra nasceram flores brancas, as quais se deu o nome do jovem: narciso.
Em geral, é consenso interpretar o mito como a história de uma pessoa enamorada de si mesma que cai no erro de confundir-se com sua imagem no lago. Muito se fala dos narcisistas, pessoas que se amam mais do que amam a qualquer outra pessoa. Também é consensual entender que a história terminou em tragédia. Porém, à luz da simbologia universal, utilizando-se das analogias presentes em todos os mitos, podemos fazer uma nova leitura desta narrativa e perceber nela algo mais, que tal qual um farol nos faz olhar na direção de cada nós mesmos.
De fato, Narciso é uma pessoa enamorada de si mesma e de fato, caiu no erro de confundir-se com sua própria imagem no lago. O detalhe é que esse mito não fala de um garoto em particular, mas sim de uma característica típica de todo ser humano, seja bonito ou feio, novo ou velho. Para entender isso precisamos antes entender o que é a paixão. A paixão é uma força de atração, um magnetismo que em realidade nós projetamos sobre o objeto do encantamento. As coisas pelas quais nos apaixonamos muitas vezes não tem todo aquele brilho, mas nós depositamos nelas todo o brilho do mundo (nosso mundo) e então nos sentimos fatalmente atraídos por elas. Na