Napoleão Bonaparte

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Em 2 de Dezembro de 1804 o general Napoleão Bonaparte (1769-1821), que exercia as funções de Primeiro Cônsul Vitalício da República Francesa, colocou sobre a sua cabeça a coroa de Imperador dos Franceses, tendo dado início ao regime absolutista que, ao longo dos dez anos seguintes, mudaria a feição da França republicana emergida das sombras da Revolução e alteraria substancialmente a configuração geopolítica da Europa, ao instaurar uma monarquia sobranceira às demais, numa espécie de Bloco Continental, como o próprio Napoleão gostava de definir o novo sistema por ele implantado. Não poderíamos deixar passar em brancas nuvens tão importante acontecimento que, diga-se de passagem, reforçou na cultura luso-brasileira a velha herança pombalina do despotismo ilustrado. Porque se bem é certo que Pombal antecedeu com a sua aritmética política ao sistema napoleônico de poder unipessoal alicerçado na ciência, o Imperador dos Franceses consolidou o modelo de ditadura regeneradora que seria adotado como ideal político por Henri-Claude de Saint-Simon e pelo seu discípulo Augusto Comte, os quais, pela sua vez, deram início ao arquétipo de ditadura científica que polarizou o debate antimonarquista no Brasil do século XIX, tendo passado a inspirar diretamente as nossas Instituições Republicanas.

Victor Hugo, em discurso pronunciado na Academia Francesa em 3 de junho de
1841, caracterizou da seguinte forma a grandeza e a força de Napoleão 1o: “No início deste século, a França constituía para as nações um magnífico espetáculo. Um homem a enchia então e a tornava tão grande que chegava a ocupar a Europa. Esse homem, saído das sombras, tinha atingido, em poucos anos, a mais alta realeza que talvez jamais tenha assombrado a história. Uma revolução tinha-o gerado, um povo tinha-o escolhido, um Papa tinha-o coroado. A cada ano, ele alongava as fronteiras do seu Império... Tinha apagado os Alpes como Carlos Magno e os Pirineus como Luís XIV; tinha construído o seu Estado

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