Nada é mais humano que o crime
Intervenção realizada em uma mesa redonda em 29 de abril de 2008, no Anfiteatro da Faculdade de Direito de Buenos Aires, na presença do Decano da Faculdade. Trata-se da apresentação do livro de Silvia Elena Tendlarz e Carlos Dante Garcia A quem o assassino mata? Psicanálise e Criminologia (Grama, 2008).
Tomo a palavra para celebrar o aparecimento do livro de Silvia Elena Tendlarz e Carlos Dante Garcia, A quem o assassino mata?, cujos méritos são deslumbrantes: é claro e está bem ordenado; a amplitude de sua informação não é só para os especialistas, mas se dirige a um extenso público. Está escrito em uma linguagem simples e, cada vez que introduz palavras próprias do vocabulário da psicanálise ou do direito, dá uma explicação. Isso não é usual nos trabalhos dos psicanalistas. Seus leitores encontrarão referências e nomes próprios que não conhecem e que testemunham o esforço por parte dos autores para ir mais além da biblioteca habitual dos analistas. Em minha opinião, esse trabalho será útil tanto para os analistas como para os agentes do aparato jurídico. Vamos imaginar que uso pode ter para eles. A clínica apresentada neste livro resulta de uma intercessão entre a psicanálise e o direito. Ao lê-lo, pareceu-me que havia duas clínicas. Junto à clínica psiquiátrica e freudiana, o próprio discurso do direito havia produzido sua clínica e selecionado os elementos que podia incorporar. É, às vezes, ou sucessivamente, uma clínica policial e jurídica. Por exemplo, nos casos de assassinatos em série, depois dos primeiros assassinatos, é necessário desenhar um retrato psicológico, patológico do criminoso, a fim de antecipar seus movimentos e capturá-lo. Nessas situações, a clínica é um imperativo de segurança pública. À clinica policial se acrescenta uma clínica jurídica. Ela deve, por exemplo, avaliar a possibilidade de o suspeito, para a satisfação das famílias das vítimas, poder sustentar sua presença e responder