Nascia em 1469 Nicolau Maquiavel. Homem versado, teve boa educação que compreendia o conhecimento de várias línguas, como também da retórica, ou seja, a arte de falar e escrever de forma eloqüente, de convencer, de persuadir e de comover o público que o escuta ou lê. No entanto, seus escritos são até hoje alvo de debates. A oposição entre um Maquiavel republicano e absolutista, é apenas um exemplo das contradições observadas nestas discussões. Mas será que seus escritos são realmente confusos ou nós, seus leitores, quem criamos a confusão? A leitura d’ O Príncipe, separadamente, normalmente traz ao leitor a visão de um Maquiavel Maquiavélico, um homem sem escrúpulos, que age de má fé, com os fins justificando os meios... Com esses adjetivos, Nicolau foi e ainda é muito criticado por ter supostamente afirmado que o governante pode fazer tudo o que for necessário para atingir o poder. Segundo esta leitura, o poder seria um fim em si mesmo, que não dependeria de nada além do desejo do príncipe para conquistá-lo. Contudo, devemos compreender as razões pelas quais esse tipo de interpretação perdura até hoje. Aqueles que procuram sua obra, já carregam consigo, mesmo sem saber, um traço daquilo que se convencionou chamar de antimaquiavelismo, que nunca deixou de acompanhar a difusão de seus escritos. O termo tem origem no título do livro de Frederico II, AntiMaquiavel, publicado em 1740, ano em que chegaria ao poder na Prússia. De acordo com este príncipe, trata-se de uma das obras mais perigosas já difundidas por apontar o que os príncipes fazem e não o que deveriam fazer. Este breve estudo almeja desfazer essa concepção preconceituosa acerca do secretário florentino. Na esteira de Newton Bignotto, concordaremos com um Maquiavel Republicano, que desejava antes de tudo a liberdade para a cidade de Florença. A idéia que aqui será exposta parte do pressuposto de uma continuidade do pensamento de Maquiavel em suas principais obras. Considerando o contexto político