Método científico
Perde-se, em suas origens, o desejo do ser humano de entender a si mesmo e a realidade que o cerca. Esse impulso incontrolável parece tão natural para o gênero humano como a necessidade de comer e respirar. É o seu fascínio pelo desconhecido. Nas palavras de Vergílio Ferreira (1992, p. 362): “Por que a obsessão de ter de haver uma resposta apenas porque houve uma pergunta? Todo o entender é no impossível que tem o seu limite. Mas o impossível é a medida do homem”.
Na aula anterior, tivemos a oportunidade de desenvolver diversas argumentações acerca da natureza do conhecimento. Agora, discutiremos sobre as principais ideias que forjaram o pensamento científico como o entendemos hoje. Isso significa que iremos apresentar o seu caráter formal.
Iniciaremos essa nova caminhada com o pensamento grego sobre a estruturação do saber, seus fundamentos e principais pensadores, culminando com uma concepção religiosa que dominou o pensamento na Idade Média. Cruzaremos o caminho das mentes mais brilhantes do período renascentista, até chegarmos a um modelo de fazer ciência que proporcionou os progressos significativos dos séculos XVIII e XIX e moldou nossas concepções atuais.
3.1 O PENSAMENTO GREGO
Não há dúvida de que uma das primeiras civilizações a se debruçar sobre a problemática da origem, do desenvolvimento e da estruturação do conhecimento foi a grega. Há quase 2500 anos, suas ideias vêm sendo objeto de discussão nos meios acadêmicos. Nossa intenção, aqui, não é de apresentar um estudo pormenorizado do pensamento grego, mas situá-lo como origem das ideias de se sistematizar a construção do conhecimento científico.
A concepção mitológica grega sustentava-se na ideia de que os fenômenos que ocorrem em nossas vidas eram desencadeados e controlados por forças sobrenaturais advindas da vontade imprevisível dos deuses. Os filósofos pré-socráticos foram os primeiros a inserir a ideia da existência de uma ordem natural no universo,