mãos de tesoura Custos
Por Cristiane Correa
o início de 2001, a Engenheira Karin Noda, então analista de gestão da América Latina Logística (ALL), empresa com sede em Curitiba, recebeu uma missão espinhosa: diminuir em 40% os gastos com horas extras da Companhia. No ano anterior, as contas haviam explodido, aparentemente sem muita explicação. Karin, de 28 anos, é um dos cinco black belts da ALL. Os Seis Sigmas, metodologia de obtenção de resultados com base em análises estatísticas criadas pela Motorola e celebrizada pela GE, é sua especialidade. O cargo faz dela integrante da elite da ALL e sua remuneração num ano pode chegar a 21 salários. Por algum tempo, ela deixaria de bolar estratégias para caçar desperdícios.
Foram quatro meses de trabalho ininterrupto. Karin passou algumas semanas no setor de recursos humanos da ALL., outras no centro de controle de operações e muito – muito – tempo nos trilhos. Percorreu 3.000 quilômetros de ferrovias para entender por que a empresa gastava tanto dinheiro com horas extras de maquinistas e operadores – uma hora extra custa 2,83 vezes mais que uma regular.
Não é difícil concluir que a investigação não tornou Karin exatamente a pessoa mais popular entre os colegas. Para muitos deles, as horas extras funcionavam como um complemento de renda – e a fonte estava para secar. Processos há muito adotados – e mantidos pela inércia – teriam de ser radicalmente alterados. Karin logo descobriu que os funcionários tinham autonomia para estender a jornada sem pedir autorização a ninguém. “Decidimos, então, criar um formulário de autorização que exige a assinatura de um gerente”, diz ela. Outra medida foi a montagem de um banco de horas, para que o tempo excedente pudesse ser transformado em folgas. Algumas intervenções, porém, foram mais cirúrgicas. Karin conseguiu diminuir as escalas de 12 horas – internamente tidas como um “mal necessário” – ao sugerir o uso racional dos alojamentos que margeiam as ferrovias utilizadas pela ALL.