Máquinas de Imagem: Por uma estética da imagem de vídeo - Dubois
DUBOIS, Philippe. Máquinas de Imagens: uma questão de linha geral; Por uma estética da imagem de vídeo. In: Cinema, vídeo, Godard. São Paulo: Cosac Naify. 2004.
Agnaldo Alves de Freitas Júnior2.
Um dos principais pesquisadores da atualidade no campo da estética da imagem e da figura, Philippe Dubois fez contribuições decisivas na reflexão sobre fotografia, cinema, vídeo e domínio digital. Foi professor da Universidade de Liège e, desde 1988, é professor da Universidade de Paris III (Sorbonne Nouvelle), onde é diretor da Unidade de Formação e Pesquisa “Cinema e Audiovisual”. Tem extensa obra publicada em revistas de vários países, com ensaios sobre Jean-Luc Godard, o cinema moderno e as relações entre arte e tecnologia.
O vídeo, desde sua introdução como apenas um suporte técnico, apresentou-se como um grande laboratório para os artistas do vídeo. Sua essência, que perambula no seio do cinema, esporadicamente bebericando da linguagem de filme e televisão, possibilitou o desenvolvimento de linguagens absolutamente únicas no audiovisual. “uma arte situada nas extremidades de outros campos” (MACHADO, 2007, p.140) seria a melhor definição para o vídeo.
Essa modalidade artística, que se baseia no extremo das capacidades de analogia (a todo-poderosa câmera), vem a subverter essa definição por meio do uso da edição verticalizada, fundindo, dividindo e desconstruindo planos na busca da quebra da perspectiva padrão e interpretação direcionada: “é como se o vídeo não cessasse de afirmar sua capacidade de tudo integrar” (DUBOIS, 2004, p. 93). Através desse pressuposto o homem finalmente retoma sua capacidade, ainda que limitada, de novamente interferir no processo da gênese automática imposto pela câmara escura, modificando o produto final mesmo após a captura daquele traço da realidade.
Outro ponto de clivagem que distingue o vídeo dos demais é justamente a construção narrativa. O paradigma do encadeamento de blocos lineares