Musica Estocastica
A música estocástica foi proposta pelo músico e engenheiro Iannis Xenakis (1922 a 2001), que acreditando no fim da evolução do serialismo integral pensou em um novo método composicional, baseado na matemática e em cálculos combinatórios o qual, segundo ele, representaria o mundo contemporâneo em que vivemos. Sugere teoricamente uma sonoridade de massas e nuvens de sons, tal que a independência entre estes sons seja total e não haja qualquer espécie de hierarquia entre eles. Estes fenômenos seriam organizados por parâmetros tais como densidades, graus de ordem e taxas de mudança. Xenakis escreveu obras importantes como Metastasis (1953-54), Pithoprakta (1955-56) e Achorripsis (1956-57) utilizando estes procedimentos estocásticos. Nós escolhemos como exemplo musical a obra Achorripsis composta para 21 instrumentos que foi escrita por Xenakis entre 1956 e 1957. Mais especificamente, foi a terceira peça escrita por ele em que utilizou o método composicional conhecido como música estocástica. O compositor usa modelos estatísticos com o intuito de gerar dados e informações que, num segundo momento, são transformados em música, sempre havendo uma liberdade intuitiva nesta tarefa. Estes modelos estatísticos estão presentes tanto no processo de formalização da obra, como na definição dos pontos de ataque das notas dos instrumentos, na duração e altura das notas, e na duração e extensão dos glissandi dos instrumentos de arco. Numa escuta da obra, nota-se que ela se revela como uma sucessão de diferentes texturas que apresentam diferenças constitutivas. A constituição destas texturas varia de acordo com os instrumentos presentes e as técnicas de execução que estão sendo utilizadas. Texturas lisas podem ser percebidas nos glissandi dos instrumentos de cordas, e também no som das flautas, oboés e clarinetes; enquanto que texturas pontilhistas ocorrem nos pizzicatti das cordas, e também nos eventos percussivos.