Mundo de trabalho

Há um ano, o economista Daví José Nardy Antunes esteve no Café Filosófico da CPFL, falando sobre trabalho na sociedade contemporânea pós-industrial e a redução relativa de sua importância frente ao avanço tecnológico. A discussão está ainda mais pertinente, num contexto de crise internacional, com regimes de trabalho flexíveis, redução da proteção ao trabalhador e elevadas taxas de desemprego. Instabilidade e descontentamento social são temas recorrentes nas manifestações no Dia do Trabalho em diversos países e, mais recentemente, na França, nos protestos em resposta ao projeto de lei de reforma da aposentadoria, que eleva a idade mínima de 60 para 62 anos. São, também, objeto de estudos para Daví, que é professor das Faculdades de Campinas (Facamp) e colaborador do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), já ministrou aulas na Berlin School of Economics and Law (HWR Berlin), como professor visitante, e foi consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington. Está prestes a defender sua tese de doutorado no Instituto de Economia da Unicamp, intitulada “Desigualdade Social no Capitalismo Contemporâneo”.

O economista aponta os grandes problemas do mundo do trabalho na contemporaneidade, às vezes até com humor: “Daqui a pouco vamos ter consultores pessoais para tudo. E, com a perda de poder dos sindicatos, não descarto o risco de que os desempregados sejam capazes de algumas loucuras para reconquistar seus postos, como no filme O corte”. Dirigido por Costa-Gavras, a produção de 2005 mostra a situação do executivo francês Bruno Davert que, ao perder o emprego, monta uma estratégia inusitada para retomar o posto: matar os candidatos com potencial para ocupá-lo.

Aliás, o cinema tem sido o espaço de reflexão sobre o tema com várias histórias envolventes. Em um deles, o premiado filme do espanhol Fernando Léon de Aranoa,Segunda-feira ao Sol (2002), uma frase que inicia o trailer sintetiza muito bem a situação: