multiplicidade de sentidos
O silêncio: multiplicidade de sentidos
Vânia Maria Rocha de Oliveira 1
Valesca do Rosário Campista 2
Resumo: O presente estudo parte do pressuposto que a linguagem, tanto oral como escrita, pode ser considerada um fenômeno discursivo devido à sua função lingüística como expressão social apropriada pelo sujeito, expressão de seu próprio desejo inconsciente. A proposta desse artigo consiste, sobretudo, em abordar o silêncio como uma forma de linguagem singular, que diz respeito ao modo de organização subjetiva. Através de uma interlocução teórica da Análise do
Discurso com a Psicanálise pretende-se, sobretudo, mostrar que é possível tratar do silêncio como singularidade. A referida interlocução evidencia que, a relação entre a produção de discurso – sujeitos que enunciam – e seus processos, se dão nos intervalos das formas de comunicação humana, as quais se situam para além do silêncio. Com base no referencial teórico destaca-se, segundo o pai da psicanálise, Sigmund Freud, a importância do silêncio, mais especificamente no que se refere à interpretação analítica.
Introdução
“Cintilante é a água em uma bacia; escura é a água no oceano.
A pequena verdade tem palavras que são claras; a grande verdade tem grande silêncio”. Tagore, Pássaros errantes, CLXXVI
A palavra silêncio etimologicamente vem do latim silentiu e segundo Ferreira
(1999) significa o estado de quem cala, privação de falar, sigilo, segredo. A partir
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Vânia Maria R. de Oliveira é Mestre em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do
Norte Fluminense (UENF). É professora do curso de Psicologia e da Pós-Graduação em
Psicanálise da Universidade Estácio de Sá (UNESA-RJ). E-mail: vmtatagiba@uol.com.br .
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Valesca do R. Campista é Mestre em Psicanálise pela Universidade Estadual do Rio de
Janeiro