MULTICULTURISMO
Mas que condição é essa da qual não se consegue escapar e à qual se precisa responder? Como se apresenta o pluralismo cultural em nossas sociedades? Por que o multiculturalismo revela-se hoje temática quase obrigatória nas discussões sobre sociedade e sobre educação? A meu ver, certas características de nosso mundo social podem indicar possíveis respostas.
Em primeiro lugar, a cultura tem adquirido crescente centralidade nos fenômenos sociais contemporâneos, bem como nas análises que deles se elaboram (Stuart Hall, 1997). A cultura não é mais vista como mero reflexo de uma estrutura econômica: a visão marxista ortodoxa que distinguia a base da superestrutura ideológica tem hoje poucos defensores. A cultura deixa, assim, de corresponder a uma esfera separada da vida social material e passa a representar um processo social constitutivo, que cria modos de vida distintos e específicos (Williams, 1985).
Esse papel constitutivo da cultura, expresso em praticamente todos os aspectos da vida social, é reconhecido e destacado: a cultura assume cada vez mais relevo, tanto na estrutura e na organização da sociedade como na constituição de novos atores sociais. Assiste-se a uma verdadeira revolução cultural, à expansão de tudo