Multiculturalismo C. Taylor
I
Alguns aspectos da política atual estimulam a necessidade – ou a exigência – de reconhecimento, que se expressa, através dos grupos minoritários, por meio do multiculturalismo.
Reconhecimento e identidade, entendida como a maneira como uma pessoa se define, estabelecem uma relação onde esta se estabelece pela existência ou inexistência daquele, onde o reconhecimento incorreto dos outros pode causar prejuízos a uma pessoa ou a um grupo, reduzidos a uma maneira de ser que é falsa, distorcida e que os restringe.
(exemplo das feministas que dizem que as mulheres nas sociedades patriarcais interiorizam sua inferioridade, perdendo a capacidade de agir por si mesmas, e dos negros, que introjetaram uma imagem de inferioridade de sua raça a partir da concepção dos brancos) – ambos deviam expiar-se dessa identidade imposta e destrutiva.
O reconhecimento incorreto implica na falta do respeito devido, que é uma necessidade humana vital.
Duas mudanças, conjugadas, tornaram inevitável a preocupação moderna pela identidade e pelo reconhecimento. 1ª: desaparecimento das hierarquias sociais, que constituíam o fundamento da noção de honra, intrinsicamente relacionada com desigualdades, uma vez que nem todos usufruem dela. Contra esta noção de honra surge a noção moderna de dignidade (hoje universalista e igualitária), sendo esta comum a todas as pessoas. A democracia introduziu a política de reconhecimento igualitário, que exige um estatuto igual para as diversas culturas e para os sexos.
No final do século XVIII surge uma concepção de identidade individualizada, atrelada a um ideal de autenticidade, que desenvolve-se a partir de uma mudança da ênfase moral para esta ideia (aquilo a que temos que nos agarrar para que sejamos seres humanos verdadeiros e de direito).
A fonte dessa moral passa a ser não Deus ou uma ideia de bem, mas o que está no fundo do nosso ser e que não exclui, necessariamente, estas duas concepções (pode ate ser o caminho