Mucomicoses
Mucormicose: infecção oportunística grave em paciente imunossuprimido. Relato de caso
Silvio Alencar MarquesI
Rosangela Maria Pires de CamargoII
Luciana Patrícia Fernandes AbbadeIII
Mariangela Esther Alencar MarquesIV
Departamento de Dermatologia e Radioterapia da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual
Paulista (Unesp)
Mucormicose (zigomicose) é infecção oportunística grave causada por fungos da ordem Mucorales, que compreende nove gêneros, sendo principais: Rhizopus spp., Mucor spp.,
Rhizomucor spp. e Absidia spp. Os Mucorales são fungos ubíquos que causam doença, principalmente, em pacientes com déficit na capacidade de resposta imune. A mucormicose é mais comum em pacientes em cetoacidose diabética ou com diabete mal controlada, em quimioterapia por doença linfoproliferativa ou outra neoplasia, sob corticoterapia, nos pós-transplantados de órgãos sólidos, grandes queimados, pacientes com hemocromatose e mesmo em pacientes sem fator predisponente aparente.1-3 O número de casos é crescente, favorecido pela maior prevalência de algumas das condições acima, pelo maior tempo de sobrevida daqueles em terapêutica imunossupressora e pela maior longevidade da população em geral.3
As manifestações clínicas são variáveis e podem se manifestar por comprometimento rinocerebral, com frequência de
44% a 49% dos casos relatados, comprometimento cutâneo primário localizado ou generalizado (10% a 19%), pulmonar
(10% a 11%), disseminado (6% a 11%) e gastrointestinal (2% a 11%).3-6
O raciocínio fisiopatogênico proposto, ao menos para justificar a incidência maior da mucormicose em paciente em cetoacidose diabética e naqueles sob uso de quelantes de ferro, é a disponibilidade plasmática aumentada do íon Fe+ nesses pacientes. O ferro é necessário para a proliferação e expressão de virulência de microorganismos patógenos, particularmente para fungos Mucorales. Como exemplo, paciente tratados com quelantes de ferro