Movimentos populares e a fome
MOVIMENTOS POPULARES E A FOME
A QUESTÃO DA TERRA E DA FOME NO SUDOESTE DO PARANÁ
Visão de um trabalhador
Pedro Tonelli relata sobre uma região no Sudoeste do estado do Paraná, próximo a Foz do Iguaçu e a fronteira com a Argentina. Trata-se de área que foi habitada por pessoas expulsas do Rio Grande do Sul, na sua maioria descendentes de europeus, contando com poucos caboclos, aproximadamente 720 mil habitantes.
A ocupação se deu em meio a tentativa de grilagem, sendo necessário o uso da força, onde os posseiros fizeram até uso das armas, a despeito do que ocorreu em outras regiões do país, prevalecendo a vontade dos posseiros na divisão da terra.
O lugar passou por mudanças radicais, onde tinha a saciedade deu lugar a fome, tudo conseqüência de ação violenta previamente orquestrada. Hoje a região dispõe de 12 sindicatos correspondentes a doze municípios.
São 10 mil famílias sem terra, o que provocou um fenômeno inexistente na realidade das cidades, qual seja a proliferação de cinturões de favelas no entorno das cidades.
Na região surgiu uma situação que já ocorria em outras: o bóia fria. Com a concentração de renda surgiram grandes empresas rurais que contratavam mão de obra oriunda do interior, os quais tinham trabalho para três meses. No restante do tempo faziam biscate, se marginalizavam e se prostituiam.
O que provocou essa mudança tão rápida na vida dos agricultores do sudoeste do Paraná? Após o ano de 1964 houve um processo oficial de modernização da agricultura, a qual acelerou o processo de concentração de terra, produção de riqueza e crédito agrícola. Os pequenos entraram de cabeça no crédito para produção de grãos que interessavam aos grandes e ao poder estatal e teve como conseqüência o endividamento do pequeno produtor.
O subsídio dado pelo Governo Federal as grandes indústrias, por exemplo: aos grandes moinhos de trigo, provocou o fechamento dos pequenos moinhos coloniais que não recebiam tal subsídio, pois não