Movimentos modernistas
Em 1920, Monteiro Lobato (1882-1948) publicava o conto Negrinha no livro do mesmo nome. O conto‘‘Negrinha’’ é retratado em um tempo onde a sociedade até então tinha sua estrutura baseada no meio rural e a estrutura econômica era dependente da mão de obra escrava. Embora distantes três décadas da Proclamação da República e da extinção da escravidão perceberam que o Brasil ainda vivia efeitos da Transição da Monarquia para a República e do trabalho escravo para o livre.
Mesmo com o processo de desenvolvimento da urbanização, das indústrias, o Brasil modernizava-se, mas o preconceito racial para com as pessoas de pele negra, antigos escravos e descendentes permanecia o mesmo.
A obra revela um comportamento cruel e maldoso em relação à pequena ‘’Negrinha’’, assim denominada. A desigualdade perante o crescimento da criança foi lamentável, nascida de uma senzala, órfã da mãe escrava aos quatro anos de idade vivia com a senhora que a adotou e criava aos sete anos. Negrinha era mulata de olhos assustados, vestia-se com trapos imundos vivia pelos cantos da casa e da cozinha. Sua patroa Dona Inácia era uma senhora rica, branca, que não gostava de crianças, exercia grande influência na sociedade e dizia trazer com ela grandes valores religiosos e morais.
Negrinha, é tratada da pior forma possível, com chingamentos, beliscões, maus tratos, a criança não possuía nome próprio, era tratada como um absoluto animal doméstico, sem origem, aspecto físico, carregada de traumas, marcas no corpo, tatuada de cicatrizes e vergões e repleta de apelidos como pestinha, diabo, coruja, barata descascada, não tinha direito a nada somente a sobreviver, até que falece de tanto sofrimento e desgosto, morte que na verdade representa no conto uma libertação da crueldade vivida pela menina, atitudes que marcam à sociedade escravista.
O tratamento dado a criança, mostra a realidade vivida pela menina órfã que nunca tinha brincado ou se quer segurado uma