Movimento Sem Terra
“Quem atua em movimentos sociais ou é sensível às suas causas tem a impressão de que a mídia não os trata como deveria. Já se tornou uma expressão comum “a criminalização dos movimentos sociais pela mídia”, que reflete esse incômodo com a cobertura da imprensa acerca das ações dos movimentos.” (VOZES SILENCIADAS, 2011, p. 7)
O jornalismo é constituído por práticas discursivas que têm pretensão à verdade. Embora isso nunca possa ser alcançado, a pretensão à verdade aparece na linguagem e nas fontes procuradas pelos jornalistas para dar suporte às notícias. As relações econômicas não determinem as demais relações numa sociedade, a esfera que detém o poder busca controlar os diferentes espaços – social, político, cultural, entre outros.
“Uma das formas pelas quais o poder opera na esfera aparentemente descentrada da cultura é através da luta por seu aproveitamento a fim de sobrepô-la, regular e cercar suas diversas formas e energias transgressivas dentro da estrutura e da lógica de um duplo movimento canônico” (HALL, 2008, p. 224)
Discursos produzem sentidos: eles criam ou enquadram olhares acerca dos acontecimentos e atores sociais e estabelecem conceitos acerca de certa parte da população.
“Muitos rejeitam o MST sem conhecer suas lutas autênticas. Em seu descredenciamento, encontramos desordens, crimes, denúncias de falsas acusações que se somam a imagens e fotos provocadoras, manchetes e editoriais tendenciosos.” (BRASIL DE FATO, 2013)
Uma pesquisa feita por Mônica Mourão constatou que das 301 matérias que mencionaram o MST ao longo do período em que ele foi alvo de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso Nacional (durante os meses de fevereiro a julho de 2010), em muitos casos, o MST é citado como referência para baderna, violência ou relações de depravação com o poder público. Isso explica por que o Movimento aparece, muitas vezes, apenas como exemplo de comparação para uma atitude “radical”, no sentido