Movimento Dos Trabalhadores Sem Teto
No final da década de 1990, iniciamos nossa trajetória de luta contra a especulação imobiliária e o estado que a protege. Todos sabem que as grandes cidades brasileiras, cada vez mais ricas, escondem nas periferias a enorme pobreza daqueles que as constroem.
Nosso objetivo é combater a máquina de produção de miséria nos centros urbanos, formar militantes e acumular forças no sentido de construir uma nova sociedade. A ocupação de terra, trabalho, de organização popular, é a principal forma de ação do movimento. Quando ocupamos um latifúndio urbano ocioso, provamos que não é natural nascer, viver e morrer pobre e oprimido. Não aceitamos a espoliação que muitos chamam de sina. Nos últimos meses, a luta do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) por moradia digna e reforma urbana ganhou destaque. Mas ela não vem de agora. O movimento realiza sua luta há 20 anos, ainda que sob o silêncio da mídia e o descaso dos sucessivos governos.
O fortalecimento recente do movimento está ligado, paradoxalmente, a efeitos colaterais do crescimento econômico. O setor da construção civil recebeu incentivos do governo e foi beneficiado com a relativa facilitação do crédito. Com isso, o mercado imobiliário se aqueceu, as empreiteiras engordaram seu patrimônio e a especulação foi às alturas.
Os efeitos se fizeram sentir pelos trabalhadores mais pobres. Boa parte não tem casa própria. O valor do aluguel aumentou brutalmente. Desde 2008, o aumento médio em São Paulo foi de 97% e no Rio de 144%, segundo o índice Fipe/Zap. No mesmo período, a inflação medida pelo IPCA ficou em 40%.
O resultado foi um aprofundamento da lógica de expulsão dos mais pobres para mais longe. Em