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oeza a lenda que, ameaçado de morte como decorrência de sua crença na visão heliocêntrica do mundo, contraposta ao modelo geocêntrico de uma Terra estacionária, defendido pela Igreja Católica, Galileu teria se retratado perante o Papado e suspirado, ao final, que “eppur si muove” (e, no entanto, ela – a Terra – se move). Se fato ou mito, a anedota é ilustrativa do tratamento dado ao estudo da mobilidade, em particular da mobilidade humana, na área de Relações Internacionais.
O estudo do movimento era, até muito recentemente, percebido como prática quase herética para a disciplina. Centrada na tríade Estadoterritório-cidadão, e protegida pelo véu da soberania, a análise da política internacional centrava-se nos elementos de fixidez das dinâmicas políticas e percebia o movimento como ruptura problemática e como ocorrência patológica. O sistema seria marcado por condições estacionárias e por forças históricas contra as quais não se poderia lutar. A própria etimologia da palavra “Estado”, o ator por excelência da política internacional, é indicativa da obsessão disciplinar com a constância. O termo Estado deriva do latim stare, verbo que indica permanecer ou manter-se de pé e do qual derivam outros termos, igualmente indicativos de inércia, como status. Não cabe aqui adentrar a crítica, já largamente discutida e contundentemente avançada no debate teórico,
* Ph.D. em Relações Internacionais pela McMaster University, Canadá, coordenadora da graduação e professora do Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(IRI/PUC-Rio). E-mail: cmoulin@puc-rio.br.
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Carolina Moulin
das vicissitudes da história e sociologia de uma disciplina construída a partir de e para um grupo restrito de países e tomadores de decisão.
Cumpre salientar, contudo, que, a despeito de notáveis esforços e im1