Motta Flavio Desenho Emancipacao
Flavio L. Motta
0 problema do desenho tem muito à ver com a nossa emancipação política.
Ele se confunde com o desígnio de forjarmos na cultura humanistica. Bem sabemos que a palavra "desenho" tem, originariamente, um compromisso com a palavra "desígnio".
Ambas se identificavam. Na medida em que restabelecermos, efetivamente, os vínculos entre as duas palavras, estaremos também recuperando a capacidade de influir no rumo do nosso viver. Assim, o desenho se aproximara da noção de
Projeto (pro-jet), de uma espécie de lançar-se para a frente, incessantemente, movido por uma "preocupação". Essa "préocupação" compartilharia da consciência da necessidade. Num certo sentido, ela já assinala um encaminhamento no plano da liberdade. Desde que se considere a preocupação como resultante de dimensões históricas e sociais, ela transforma o projeto em "projeto social''.
Na medida em que uma sociedade realiza suas condições humanísticas de viver, então o desenho se manifesta mais preciso e dinâmico em seu significado. Vale dizer que através do desenho podemos identificar o projeto social. E com ele encontraremos a linguagem adequada para conduzir a emancipação humana. Acresce ainda que o desenho, como palavra, conheceu transformações reais e efetivas, dentro das condições gerais da história, das condições enfim que direcionaram o trabalho dentro de determinadas relações de produção. Assim, por exemplo, verificaremos que a palavra ''design'', significa entre os povos da língua inglesa, muito mais, projeto. Porém, essa noção de projeto nem sempre correspondeu à totalidade das preocupações humanísticas. "Design" permanece graças a um projeto social ligado às transformações do viver dentro da assim chamada Revolução Industrial. Neste caso, a palavra
"design" circulava num contexto para configurar a disposição de transformar as coisas, produzir industrialmente em benefício de uma parcela da sociedade européia. Sabemos que os ingleses tem outras palavras para