Morte
Sócrates foi um pensador único e distinto de todos os seus contemporâneos. Ele defendia, já naquela época, a imortalidade da alma, além de ter a clara percepção de que havia sido imbuído por Apolo, um dos principais deuses da mitologia greco-romana, de um compromisso muito especial, a disseminação da máxima desta divindade, ‘conhece-te a ti mesmo’.
E a conclusão a que chega nesta busca é que o ser humano é um espírito encarnado, ou seja, uma entidade espiritual que vive por algum tempo na matéria. Anteriormente a este estágio, a alma vivia no mundo das verdades eternas, cultivando a realidade autêntica, a prática do bem e o belo. O Homem teria se distanciado destes ideais ao renascer e, recordando estes tempos, ele sente de forma mais ou menos acentuada a necessidade de retornar ao mundo que conheceu.
No mundo físico a alma normalmente se conturba e fica perdida, pois está agora vinculada a objetos perecíveis. Mas, quando se volta para si mesma, vislumbra novamente as ideias puras, eternas e imortais que outrora conhecera. Neste momento suas angústias desaparecem, é quando o espírito atinge o que se conhece como sabedoria. Daí a importância do autoconhecimento.
A morte é fundamental para Sócrates, porque permite que a alma se distancie novamente da matéria orgânica e, na esfera essencial, alcance o verdadeiro conhecimento; só então o ser será livre para atingir o saber em sua forma mais pura. Ele acredita que, por este motivo, os filósofos genuínos estão prontos para morrer, pois desejam, mais que ninguém,