Moluscos
XV – ZOOLOGIA. OS CEFALÓPODES E UMA ESPÉCIE JULGADA NOVA
DAS COSTAS DE PORTUGAL
Há algumas semanas Sua Alteza o Príncipe D. Carlos honrou com a sua visita a secção zoológica do Museu de Lisboa, e há poucos dias ofereceu-lhe um magnífico exemplar de uma sorte de lula, um grande cefalópode de 10 braços, pertencente ao género Ommatostrephes e pescado na costa de Portugal.
Este exemplar, cujo estudo encetámos apenas, é, além da sua proveniência, duplamente interessante para a nossa secção: nas colecções malacológicas do Museu, formadas no tempo em que a conchiliologia pura estava no seu vigor, há uma falta muito sensível de moluscos nus e a colecção dos cefalópodes de Portugal está para se formar, e a espécie, representada pelo belo exemplar oferecido pelo Príncipe D.
Carlos, parece-nos nova para a ciência.
Para fazermos compreender o valor desse exemplar e as razões porque nos parece ser ele uma espécie a acrescentar não só à lista dos moluscos de Portugal, mas ainda ao catálogo geral dos cefalópodes, entraremos na exposição dos caracteres gerais desta interessantíssima classe de moluscos.
Os moluscos são todos esses animais de corpo mole e viscoso, revestido de abundante mucosidade, cujo traço mais característico de organização é segregarem uma concha que, sob a forma de um tubo direito ou enrolado em espiral, se molda nos tegumentos e apêndices cutâneos e os protege contra a acção dos agentes exteriores.
Os moluscos são dos animais mais interessantes que possam coleccionar-se e estudar-se. Existem ainda para resolver grandes problemas de biologia dentro da casca de um caracol.
Trazem-nos grandes recordações essas conchas multiformes, fáceis de apanhar e de conservar, de cores variadíssimas e brilhantes, apanhadas nas regiões alpestres, na branca areia da praia, nos rochedos escarpados aonde a vaga bate furiosa, e nos maiores abismos do mar aonde parece dever reinar uma paz absoluta.
Há