Modernismo no Brasil - 1° Fase
Nascida da Semana de Arte Moderna de 22 e de seus antecedentes estéticos e ideológicos, a primeira geração de escritores modernistas corresponde fundamentalmente ao grupo protagonista desses eventos. Foi meta privilegiada sua a elaboração e execução de um projeto estético de arte brasileira, com “brasilidade”.
Traços estéticos e temáticos:
A essa primeira geração, também, convencionalmente, denominada “heroica”, coube, portanto, estabelecer os novos paradigmas de arte. Assim, a missão a que seus autores se propunham era solapar os pilares da arte acadêmica tradicional “importada” da Europa ao longo dos anos, numa postura carregada de iconoclastia e que se pretendia fundante da verdadeira arte brasileira.
Assim, é central à literatura modernista dessa geração a proposição de uma estética poética que transgrida, em forma e conteúdo, os limites das, até então, escolas tradicionais, como bem demonstrado e simbolizado no poema seguinte:
Nova Poética (Manuel Bandeira)
Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Saí um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida
O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.
É exemplarmente observável no poema acima uma nova representação formal em que a métrica, a versificação, as rimas se fazem livres, tal qual o próprio conteúdo poético.
Também é relevante no modernismo a instituição do simples, do prosaico, do cotidiano na temática literária, mesmo que trazendo consigo reflexões, de fundo, complexas.
Porquinho-da-Índia (Manuel Bandeira)
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.