Modernidade
Artigo publicado na Revista Impulso, Piracicaba: Ed. UNIMEP, v.7, n. 14, 1994
Profa. Dra. Maria Thereza Miguel Peres
Riqueza, consumo, trabalho, progresso: eis aí os temas principais da Economia Política que estão associados na mente humana à noção de felicidade. Podem estar associados de maneira positiva ou negativa, mas aí estão, desde que a vida ativa e não contemplativa, a ordem natural e não a ordem divina, o ordem burguesa e não feudal, passaram a reger os destino humanos, isto é, desde a Idade Moderna.1 Diante das exigências contemporâneas, o impulso crítico e renovador que se manifestou na passagem da sociedade feudal para a moderna sociedade burguesa ainda não se esgotou, revelando a retomada de um debate que envolve desde formas diferenciadas de conceber o moderno, até as formas de projetá-lo no futuro. No bojo deste debate, destacam-se a validade ou não da razão como força transformadora do mundo, o mito do binômio modernidade/racionalidade e por fim a descrença na emancipação do homem com a constituição da chamada sociedade de consumo. Entretanto, dada a importância desses temas, ainda permanece para alguns autores o desafio de se buscar na atualidade novas formas de expressar a criticidade humana, renovando o legado libertador da Idade Moderna. A ciência econômica não pode permanecer indiferente a tais temas, na medida em que seus instrumentos analíticos foram utilizados tanto para idealizar a modernidade como para demonstrar ora suas contradições, ora sua própria insuficiência. Esse enfrentamento não deve ser evitado, principalmente quando se leva em consideração que o legado da modernidade permitiu que a “Economia” caminhasse a mercê das forças impessoais do mercado, levando muitos dos seus pensadores a investigá-la como uma ciência instrumental, distanciando-se de um conhecimento científico emancipador. Para enfrentar o desafio dessa