Modelo
Adriana Zanirato Contini[1]
Maria Augusta de Castilho[2]
Reginaldo Brito da Costa [3]
Resumo: O presente estudo objetivou estabelecer uma relação histórica-cultural entre os Kaiowá e Guarani e a erva-mate nativa, com alternativas para a promoção do desenvolvimento local. O texto trata de entender os reflexos das relações de uso do gênero Ilex pelas comunidades indígenas e colonizadoras, com a exploração econômica do material vegetal e o fortalecimento do conhecimento tradicional. Ao longo do trabalho buscou-se reunir informações que esclarecessem o papel da erva-mate na história regional, enfatizando a adequação dos papéis dos agentes responsáveis pelo desenvolvimento onde hoje é o Estado de Mato Grosso do Sul, com destaque para a participação dos jesuítas, os Kaiowá e Guarani e os reflexos sócio-ambientais decorrentes da colonização, bem como a importância de políticas que fortaleçam o cultivo da espécie em áreas de ocorrência natural.
Palavras-chave: Ilex paraguariensis. Povos indígenas. Saberes tradicionais.
Introdução
A Ilex paraguariensis St.-Hil é a espécie mais comum e utilizada do gênero na produção do chá-mate, chimarrão ou tereré, bem como na extração de pigmentos. Ficou conhecida, então, por erva-mate, em guarani - caá ou, ainda, chá-de-Paraguai, chá-dos-jesuítas, erva-do-diabo , yerba-santa para os uruguaios. Pertencente à família Aquifoliaceae, são conhecidas cerca de 600 espécies, sendo que destas, 220 são nativas da América do Sul e 68 ocorrem no Brasil (SCHERER, 1997; STURION & RESENDE, 1997). A erveira floresce durante os meses de outubro a dezembro, e seus frutos que amadurecem entre janeiro e março, são consumidos por pássaros de várias espécies. As sementes, em ambiente natural, germinam em meio às fezes das aves dispersoras, chegando a formar capões homogêneos. A árvore pode alcançar 15 metros de altura,