Moda como expressão
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OPINIÃO
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Moda como expressão
LUCIANA CRIVELLARI DULCI
Socióloga e professora da Universidade Federal de Ouro Preto
Nas últimas décadas, a projeção mundial da moda no vestuário levou o mundo a prestar mais atenção nesta manifestação simbólica. A economia foi a primeira a se interessar por esse lucrativo universo. No modo de produção capitalista, tudo o que pode dar lucro se transforma em produto. O vestuário, que já foi confeccionado de modo integralmente artesanal, adere à produção em massa, no século 20, e as confecções prontas para vestir tornam-se acessíveis a um número cada vez maior de pessoas. A produção em grande escala barateia o custo do vestuário, contribuindo para o aumento do consumo de roupas e um questionamento aparece frequentemente: a produção em massa padroniza as escolhas no vestuário? Ou será que um maior acesso aos elementos que compõem o vestuário permite caracterizações personalizadas? Acredito que as pessoas, ao cuidar da aparência, sigam padrões criados ou difundidos por outros que exerçam forte influência social, mesmo que não diretamente ligados ao mundo da moda. Contudo, só somos guiados pelas ideias em que acreditamos. O vestuário é uma das esferas da cultura que permitem maior liberdade de expressão. Se já houve um tempo em que as pessoas que não seO vestuário guiam a moda em vigor eram despresé uma das tigiadas socialmenesferas da te, hoje os padrões conhecidos não precultura que cisam ser seguidos permitem com rigor. Principalmente porque não mais existe mais uma liberdade moda única, central e difusora de tendências para os modos de vestir de toda a sociedade. Existem várias modas. E as múltiplas modas trazem a possibilidade da expressão das singularidades e visões de mundo de cada um. Digamos que isso acontece até que várias pessoas comecem a se vestir de maneira semelhante, indicando uma imitação por identidade,