Mito da Monogamia
O Mito da Monogamia – Fidelidade e infidelidade nos animais e seres humanos
Paula Mota Santos
Barash, David P e Lipton, Judith E (2002), Cascais, Sinais de Fogo
ISBN: 972-8541-36-8
O livro em questão é escrito por um zoólogo/psicólogo (Barash é doutorado em Zoologia e, desde 1973, professor de Psicologia na Universidade de
Washington, em Seattle) e uma psiquiatra (Lipton) especializada em questões femininas. Logo nas páginas iniciais de agradecimentos fica claro que os autores não só trabalham juntos há 25 anos, como são um casal com filhos.
A referência desta informação logo na abertura tanto do livro como desta recensão, não é fait divers nem gosto por imprensa cor-de-rosa. É informação que ajuda a contextualizar a ciência produzida e apresentada no livro. E a ciência, convém lembrar, nunca é produzida num vácuo social e cultural.
É sempre espacial e temporalmente localizada. Como nota final desta contextualização, o sublinhar que a ciência aqui em análise sai da sociedade e academia norte-americanas.
Entende-se assim a existência logo no capítulo 1 (Monogamia para principiantes) das referências ao contexto moral e religioso da sociedade americana. Depois de nos primeiros parágrafos terem claramente dito que ‘há provas muito fortes de que os seres humanos não são “naturalmente” monogâmicos’
(p13), os autores escrevem: ‘Para muitas pessoas monogamia e moralidade são sinónimos. O casamento é a sanção definitiva e os desvios da monogamia marital são o pecado interpessoal por definição’ (p14). É também o leitor/ a desde logo esclarecido que a abordagem do tema é ela biológica ‘porque os seres humanos são criaturas biológicas da cabeça aos pés’ (p16).
A tese principal do livro é que a monogamia não é natural. Afirmando que a tendência à poliginia (pluralidade de parceiros sexuais por parte dos machos
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e evitamento de relações sexuais exclusivas com uma única fêmea) era uma realidade bem assente na