mito da caverna
O que é ser filósofo?
Alguns especialistas apontam o famoso “mito da caverna”, como sendo a obra mais iluminada de Platão.
Trata-se do Livro VII da “República”, obra que poderia, apropriadamente, intitular-se “Da Justiça”. Ou ainda “A cidade perfeita”.
Nesse imprescindível capítulo, dois modos bem distintos [mas tão ligados e intercambiáveis quanto o céu e a terra] de percepção de mundo se apresentam a todos nós: o inteligível e o visível. Esse último, o visível, refém e escravo do que pode ser apreendido e conhecido pelos sentidos, é limitado. Já o inteligível, oriundo de uma percepção mental, psíquica (psichê é a alma), “nos alça a senhores das mais altas instâncias”, pois nele encontramos a verdadeira essência da qual a realidade que nos circunda, também repleta de muitos bens, é apenas cópia.
O amigo leitor poderia intervir que a realidade que nos circunda também está repleta de muitos males, mas isso seguramente não é cópia de luz, mas de sua ausência: trevas.
Nas palavras proferidas pelo sapientíssimo Sócrates, em diálogo com seu amigo Glauco, Platão irá descrever o modus vivendi dos homens que desde a mais tenra infância, confinados no breu do fundo de uma caverna, atémse a viver uma vida estritamente limitada ao mundano, uma vida ordinária, comum (como a vida de todos nós) e o que os diferencia daqueles que, imbuídos primeiramente de coragem (que segundo Aristóteles é a principal das virtudes, pois garante as demais) e de uma inquietante curiosidade, ousam desvencilharem-se dos grilhões e numa ascese (ascensão mental possibilitada pelo uso da razão), libertos das limitações da ignorância, contemplam a luz do
Saber.
Tudo graças ao lógos dialético, pois como diz Sócrates: “não posso pensar em nenhum outro estudo que faça a alma olhar para cima, senão o que diz respeito ao Ser e ao invisível”. O lógos dialético é próprio da filosofia, pois tem como télos (propósito, objetivo, finalidade) a contemplação da