mircea o sagrado e o profano
O sagrado e o profano no mundo moderno
Embora tenhamos insistido na iniciação e nos ritos de passagem, não pretendemos ter esgotado o assunto; conseguimos apenas esclarecer alguns aspectos essenciais: E contudo, ao falar um pouco mais longamente da iniciação, tivemos de omitir uma série de situações sócio religiosas muito importantes para a compreensão do homo religiosus: não falamos, por exemplo, do soberano, do xamã, do sacerdote, do guerreiro etc. Quer dizer que este trabalho é forçosamente sumário e incompleto: constitui apenas uma introdução muito rápida a um tema imenso.
Tema imenso, porque, como já dissemos, não interessa unicamente ao historiador das religiões, ao etnólogo, ao sociólogo, mas também ao historiador, ao psicólogo, ao filósofo.
Conhecer as situações assumidas pelo homem religioso, compreender seu universo espiritual é, em suma, fazer avançar o conhecimento geral do homem. É verdade que a maior parte das situações assumidas pelo homem religioso das sociedades primitivas e das civilizações arcaicas há muito tempo foram ultrapassadas pela História.
Mas não desapareceram sem deixar vestígios: contribuíram para que nos tornássemos aquilo que somos hoje; fazem parte, portanto, da nossa própria história.
Como repetimos em várias ocasiões, o homem religioso assume um modo de existência específica no mundo, e, apesar do grande número de formas histórico religiosas, este modo específico é sempre reconhecível.
Seja qual for o contexto histórico em que se encontra, o homo religiosus acredita sempre que existe uma realidade absoluta, o sagrado, que transcende este mundo, que aqui se manifesta, santificando-o e tornando o real. Crê, além disso, que a vida tem uma origem sagrada e que a existência humana atualiza todas as suas potencialidades na medida em que é religiosa, ou seja, participa da realidade. Os deuses criaram o