Mira Schendel

Exposição
MIRA SCHENDEL

Myrrha Dagmar Dub, mais conhecida por Mira Schendel, nasceu em Zurique no ano de 1919, no seio de uma família judaica. Estudou em Itália e ingressou no curso de filosofia na Universidade Católica de Milão, no qual durante a segunda guerra mundial foi forçada a desistir devido as suas raízes judaicas. Esta situação veio ainda tirar-lhe a nacionalidade italiana o que a levou a tornar-se refugiada viajando através da Suíça e da Áustria para a Jugoslávia. Contudo é em 1949 que emigra para o Brasil, onde inicia a sua carreira artística.
Foram vários os artistas europeus que durante e após a segunda guerra mundial emigraram para o Brasil, entre eles, está o já referido caso de Mira Schendel que contribuiu para a modernização das linguagens plásticas. A artista entendia a arte não como um exercício autónomo, mas sim como uma ação capaz de reproduzir simbolicamente as relações do mundo real. Consequência da sua formação filosófica exibe um carácter autodidata, verificável na forma com que aborda e manipula determinados temas e conceitos e ainda no seu desejo em altera-los em instrumentos de orientação e prática artística. Contudo não pretendia reduzir a sua obra a uma interpretação definida pelas experiencias da vida. Creio até ser possível estabelecer uma relação entre a origem cultural e a consequente educação religiosa no seio familiar de Schendel, pois a singularidade do seu projeto estético reúne elementos de heranças culturais que aparentemente são inconciliáveis, isto é o judaísmo e o catolicismo romano, manifesto plasticamente no sensualismo da cultura visual italiana.
A sua arte é notável pela grande experimentação, logo julgo que podemos subdividir o seu trabalho em dois grandes grupos, cujas questões primordiais são respetivamente a opacidade e a transparência, que a artista desenvolveu de maneira a atribuir corporeidade à bidimensionalidade da superfície. De um lado colocaria os primeiros e os últimos trabalhos, ou seja as