Mira Schendel
No passado dia 16 de Maio, as turmas de 10ºano da escola Oliveira Júnior deslocaram-se até ao Museu de Arte Contemporânea de Serralves, com o objetivo de contemplar as várias obras de Mira Schendel (1919-1988).
As obras que mais me despoletaram interesse foram as monotopias.
Fig1. Monotopias de Mira Schendel.
As Monotipias apelam para o intelecto, não desprezando o poder dos sentido. Não possuem a lógica de começo, meio e fim. Pelo contrário, estes 2000 desenhos formam um mosaico onde cada imagem tem a sua peculiaridade, o que permite imensas relações e interpretações possíveis. Esta obra permitiu a Schendel materializar em palavras, traços e formas o que invadia a sua imaginação.
São signos cujo significado se situa entre apresentação e imaginação, visto que a artista está a realizar uma apresentação quando utiliza diretamente algo da sua imaginação, da sua mente, o que leva a constatar que o que imagina funciona na realidade. É o caso da Monotipia “Rot", onde a palavra vermelho escrita em alemão está pintada dessa mesma cor. Outro exemplo é a Monotipia "Aqui", que ocupa um lugar na página indicado por setas.
Mira replete a página de palavras, de referências, de desenhos, como se ela não pudesse conter a quantidade de informações que brotam daquele instante, criando assim uma gramática (conjunto de letras) que permitem inúmeras interpretações independentemente dos idiomas que utiliza. Esses fragmentos que cobrem a página convidam o leitor a decifrar os enigmas que estes contém. Nem sempre o texto é uma legenda para os traços e formas, pois estes remetem-nos para o que está ao seu redor, para às ideias que não foram mencionadas.
Por exemplo, o vazio que nos remete ao universo de Malevitch, ao azul de Yves Klein, onde as coisas podem ser todas as coisas, a relação com Paul Klee que equilibra o inteligível da forma e finalmente, à compreensão do mundo entranhada nas Monotipias, onde a vivência se confunde com o processo de