A Exposição de Mira Schendel
A exposição de Mira Schendel, que ocorre na Pinacoteca Luz, em São Paulo, traz para os cidadãos um pouquinho da história dessa artista que reinventou a linguagem do modernismo europeu no Brasil. Fazendo uso de sua história de vida trágica para buscar inspiração, Mira encontrou na arte, filosofia e religião um conforto para sua solidão e uma forma de expressar seus sentimentos perante o mundo em que vivia.
Logo que cheguei à exposição, me vi em uma posição de constantes questionamentos. A primeira vista, me deparei com obras simplistas, repletas de formas geométricas, mas que não pareciam querer representar ou simbolizar nada concreto.
Passei algum tempo tentando entender a intenção da artista, ou, ao menos, o sentimento que ela tinha quando produziu as obras. Em sua maioria, eram bidimensionais, tinham fundo marrom, e varias tonalidades da cor nas mesmas composições. Além disso, algumas delas, representavam natureza-morta e objetos comuns do cotidiano. As obras da primeira sala não mostravam a realidade da forma como é, não faziam uma ligação grande entre luz e sombra, eram assimétricas e os elementos pareciam “chapados” nas telas, ou seja, não tinham profundidade alguma.
Com o passar do tempo, cada vez mais eu me interessava pela gama variada de materiais e técnicas utilizadas nas obras, como gesso, papel de arroz, nanquim, óleo, areia, madeira, giz de cera, entre outros. Esse é um ponto que diferencia a artista de muitos outros. Ver a fotografia de uma de suas obras no Google não se compara a admiração de observar os detalhes minuciosos que a textura dela nos traz pessoalmente.
A quarta sala da exposição traz a tona muitas incertezas sobre as obras e, principalmente, a dúvida sobre o questionamento que as obras em si faziam. Por exemplo, a obra TODOS, de 1964 (Começo da ditadura militar no Brasil) representa um espiral branco em fundo marrom, com a palavra “todos” escrita em vermelho no canto superior direito. Ao olhar para ela, a primeira coisa