Minha Pasta
- Mas não foi isso que eu pedi!
- Bom, isso foi o que meus pais puderam comprar.
- Menina, se seus pais são tão miseráveis assim, vou lhe dar um conselho: pare de estudar e vá aprender a fazer feijoada na casa da branca. Você será mais feliz.
A garota corre para o pátio, chora, enxuga as lágrimas, retorna para a sala de aula e diz ao professor:
- Eu não vou aprender a fazer feijoada na casa da branca. Vou ser juíza e voltar aqui para o prender.
Mais tarde, ao contar o acontecido para o pai, Luislinda Valois levou uma surra. Pois o seu Luiz, motorneiro de bonde e a mãe, dona Lindaura, passadeira e lavadeira tinham a educação como um bem supremo. "Filhos meus não respondem e nem desrespeitam professor". Até hoje a desembargadora se emociona ao lembrar dessa passagem de infância. Ela afirma não ter raiva do professor: "Ele acabou servindo como estímulo. Fui à luta e me tornei o que quis".
A cena poderia ter saído da cabeça de um roteirista escrevendo um filme sobre discriminação racial. Mas ela aconteceu de verdade em uma escola de Salvador, Bahia. Uma garota negra de nove anos apresenta o material de desenho requisitado pelo professor:
- Mas não foi isso que eu pedi!
- Bom, isso foi o que meus pais puderam comprar.
- Menina, se seus pais são tão miseráveis assim, vou lhe dar um conselho: pare de estudar e vá aprender a fazer feijoada na casa da branca. Você será mais feliz.
A garota corre para o pátio, chora, enxuga as lágrimas, retorna para a sala de aula e diz ao professor:
- Eu não vou aprender a fazer feijoada na casa da branca. Vou ser juíza e voltar aqui para o prender.
Mais tarde, ao contar o acontecido para o pai, Luislinda Valois levou uma surra. Pois o seu Luiz, motorneiro de bonde e a mãe, dona