Minha história com a fotografia
Desde a infância percebo a fotografia como fazendo parte de minha vida. Nas apresentações infantis, típicas de pré-escolas, meus pais não podiam adquirir uma câmera, mas me presenteavam com uma ou duas imagens compradas desses dias que são tão importantes para as crianças. Mesmo sem poder manusear uma câmera fotográfica, fosse pela idade, fosse por não ter condições financeiras de adquirir uma, as imagens por ela produzidas já me encantavam e sem que eu ou minha família pudéssemos prever, iria traçar o meu futuro. Aos 4 anos de idade minha família passou por uma tragédia quando um desmoronamento atingiu a casa de minha avó de forma irreversível. Em meio a perda material, os flagrantes capturados em momentos familiares foram todos perdidos e as lembranças passaram a habitar somente os pensamentos de todos nós, pois a imagens perderam-se definitivamente. Até o final dos anos 90 era muito comum que as fotos fossem feitas em rolos de filmes e depois reveladas para que pudessem ser guardadas em álbuns. Eu costumava admirar e muito esses álbuns, qual fossem eles, e minha imaginação tomava grandes proporções com aquelas imagens tão diferentes e ao mesmo tempo tão familiares. Assim, com esse olhar imaginativo, me pus a questionar os motivos que meus pais não tinham coleções de fotos para me mostrar, pois eu já sentia uma grande vontade de fazer as minhas próprias fotos. As coleções haviam se perdido por completo. Desde então me percebi observadora dos ângulos que os cenários ofereciam e, na época em que completei 9 anos de idade foi possível para minha família adquirir uma câmera fotográfica. Lembro-me da satisfação inenarrável que senti quando pude manusear aquele aparelho tão pequeno e ao mesmo tempo tão poderoso. Uma fábrica de imagens, sonhos, desejos e compensações por tantas perdas. Morávamos na região do bairro Perdizes e meu pai costumava sair com as quatro filhas para caminhar pelas ruas e