Milton Santos
As razões da revolta em defesa de um regime secular na Turquia
Revista Época - 20/06/2013
Istambul na Turquia é uma cidade dividida, metade da cidade está na Europa e metade na Ásia. Seus moradores agora seguem a geografia. Estão divididos, como toda a Turquia. Desde o último dia 31, a Praça Taksim, fincada no lado europeu, é o epicentro de uma revolta contra o governo turco. Os ressentidos com os rumos do país reproduzem cenas vistas em outras partes do Oriente Médio nos últimos dois anos.
O país convive com culturas tão dispares como a do Ocidente (Europa) e da Oriente (grupos muçulmanos). A população da Turquia divide-se em dois blocos: os laicos e liberais (defensores da doutrina de Kemal Atatürk e do secularismo) e os religiosos (apoiadores de Erdogan). Existe uma histórica tensão entre setores seculares do país e os islamistas. O problema agora é o autoritarismo. As Forças Armadas, que tantas vezes já usurparam a democracia na história moderna turca, aceitaram, pela primeira vez, a ascensão de uma força política de origem religiosa. Deu certo – até que parou de funcionar.
O presidente Erdogan – que até então tinha uma proposta moderada em relação ao islamismo - avançou sobre o caráter laico da república turca. Por exemplo, há quase um mês, aprovou uma lei que proíbe a propaganda e a venda de bebidas alcoólicas à noite. Ainda insinuou que os fundadores da república eram “bêbados”.
Os protestos são uma mensagem clara a Erdogan. Não se trata de uma revolta, mas de um aviso. A população está deixando claro que “não imponha sua cultura sobre as nossas vidas e não pense que você pode tudo só porque teve 50% dos votos na eleição.”.
Aluno: Thiago Corrêa Martins