milton santo - globalização
Resenhar um filme sobre Milton Santos é uma tarefa difícil. A trama construída pelo diretor enriquece e consolida a fala do grande professor e pensador da realidade brasileira e mundial. Nada melhor que, assistir o filme e deixar fluir a emoção. Já na entrada do cinema o coração começa a bater mais forte. Dentre os cartazes das fitas em exibição, vejo o do "Encontro com Milton Santos, ou o mundo global visto do lado de cá", e sinto um misto de saudade e orgulho. A fila da entrada comprova a importância e o reconhecimento alcançado pelo eminente geógrafo. Sala quase cheia para ver um documentário que tem na globalização o seu fulcro, especialmente, “A Outra Globalização”, título proposto por Milton Santos em seu livro lançado em 2000. No final, aplausos. As pessoas saem perplexas, temerosas do futuro. A maioria quer falar, quer informações. Nos seus comentários depreendem-se admiração e respeito pela perspicácia e lógica do raciocínio do grande mestre.
Milton Santos era genial! Homem educado, fino e elegante. Suas falas eram precisas, fortes, carregadas de sentido e de emoção. Em suas aulas, palestras e conferências, sabia conduzir o público como ninguém, prendendo a atenção de todos. Um bate papo com ele, nada melhor!
Silvio Tendler fez um filme inteligente, bem à altura do homenageado. Trata-se de um documentário que enaltece a capacidade interpretativa de Milton Santos diante de um mundo em processo acelerado de transformação. Toda a experiência do cineasta se manifesta na universalização da linguagem. Imagem, texto, narração e trilha sonora se entrosam de forma magnífica. Milton era o protótipo do cidadão universal. Essa condição exigia dele uma leitura rigorosa da realidade, que emergia do inconformismo com a dor e a miséria do mundo. Sua forte capacidade de se indignar e de denunciar foi capturada pelas lentes de Sílvio Tendler. Munido do discurso do mestre geógrafo buscado em entrevistas ou em edição de pronunciamentos em