MIGRAÇÃO 1
Alexandre de Souza dos Santos
RESUMO
É uma natural tendência humana relacionar a sua identidade pessoal a um local físico – seja ele um país, uma cidade, um bairro, uma comunidade ou a própria casa – e a partir dessa tendência moldar os costumes, a cultura e modo de vida. Esse local passa a ser, portanto, seu ‘território’, e lhe proporciona a sensação de pertencimento. Quando um indivíduo precisa mudar-se fisicamente de território, ele se vê destituído das condições de vida que até então usufruía em seu local de origem. O estudo geográfico da situação narrada acima caracteriza esse fenômeno como desterritorialização. É comum relacionar a desterritorialização ao indivíduo migrante, que, por alguma circunstância precisa se deslocar de sua cidade, estado ou país e estabelecer moradia – temporária ou definitiva – em outro local. No entanto, é possível atribuir esse termo a outros fenômenos de ‘perda de identidade territorial’ – tudo depende do que se entende por território.
A proposta deste trabalho é, portanto, discutir a desterritorialização a partir da figura do migrante, e sua perda de experiência integral com seu local de origem. DESTERRITORIALIZAÇÃO, TERRITÓRIO E MOBILIDADE
Para tratar da desterritorialização, se faz necessário que haja uma idéia clara do que seja território. Haesbaert, lista quatro dimensões territoriais que torna mais simples o entendimento e permite um ponto de partida:
• Dimensão físico-econômica – território como abrigo e fonte de recursos. Segundo o antropólogo Maurice Godelier ‘porção de superfície sobre a qual todos os membros tem direito ao acesso e uso dos recursos’. Exemplos do que representam essa dimensão são as reservas indígenas e assentamentos urbanos e rurais.
• Dimensão política – Esta definição é a preferência de Ratzel e da maioria dos geógrafos. Trata do domínio do espaço, domínio dos que o habitam bem como de suas relações sociais.