Meus trabalhos
"Quando a questão do racismo no Brasil começar a sair dos livros, artigos, dissertações e teses de pesquisadores, quando deixar de ser problema do negro para se tornar preocupação de todas as forças e instituições do país, quando sairmos da fase do belo discurso e das boas intenções sem ações correspondentes, poderemos dizer então que entramos na verdadeira fase de engajamento para transformar a sociedade; estaremos saindo do pesadelo para entrar num sonho, e do sonho para entrar numa verdadeira esperança."
Kabengele Munanga (1996: 219)
Apresentação
Neste artigo apresentamos uma contribuição para o debate teórico sobre a formulação e implementação de políticas afirmativas em favor dos cidadãos negros no Brasil, com a intenção de colocarmos mais uma viga na ponte que pretendemos que una as lutas específicas de alguns segmentos populacionais que têm a sua cidadania negada em nosso país, com as correntes intelectuais e políticas que advogam o compromisso com as estratégias políticas derivadas da leitura da obra de Marx e seus continuadores.
Introdução: Marx e os problemas educacionais do seu tempo
Um pensador como Marx, que tinha uma concepção de conjunto sobre a história humana e sobre o modo de produção capitalista, não pode ser dissociado do militante político que tinha como incumbência a formulação de propostas viáveis para os problemas do momento e que comporiam, por exemplo, as bandeiras de luta da Associação Internacional dos Trabalhadores, do qual foi um dos fundadores e militantes mais destacados. Ao discutirmos os posicionamentos políticos e as propostas de Marx a respeito das medidas educacionais adequadas à sua época, temos que levar em consideração, portanto, que o autor estava preocupado com os problemas mais imediatos, e que exigiam que fossem colocados em prática alguns “indispensáveis antídotos contra as tendências de um sistema social que degrada o operário a mero instrumento para a cumulação de capital, e