Meu piru
Marx viveu apenas para ver o primeiro livro publicado, o qual recebeu correções e anotações posteriores do próprio autor, além de traduções para outras línguas. Os outros dois foram publicados por Friedrich Engels, amigo e colaborador de Marx.
Seu objeto era, como explicitado no Prefácio ao Volume I, “revelar a lei econômica do movimento da sociedade moderna”. Pensadores econômicos anteriores haviam captado um ou outro aspecto do funcionamento do capitalismo. Marx busca entender todo o processo em seus três livros, chegando a uma especificidade até hoje inédita de pesquisa, argumentação e relação de dados. Defendia que o capitalismo como sistema era um modo de produção historicamente transitório cujas contradições internas o levariam à queda, sendo inevitavelmente substituído.
O autor de O Capital irá apresentar, através de seu trabalho conceitos como Mais Valia, Capital Constante, Modo de produção capitalista, Acumulação primitiva entre outros. O modo de produção capitalista ilustra a tese geral de Marx de que a realidade é dialética, que ela contém contradições dentro de si, pois, de um lado a mudança tecnológica, a introdução de novos métodos de produção faz parte da própria existência do capitalismo. A pressão da concorrência força obrigatoriamente os capitalistas a inovarem constantemente, e desse modo a ampliar as forças de produção. Por um outro lado, o desenvolvimento das forças produtivas no capitalismo levará a crises inevitáveis.
O raciocínio contido no Capital destoava da grande maioria dos outros tratados econômicos de sua época por privilegiar um ponto de vista dedicado à visão do trabalhador proletário em detrimento do grande produtor capitalista. É talvez por esse viés adotado por Marx que sua obra seja popularmente demonizada por grupos hostis a qualquer ideia de esquerda. Marx, porém, havia deixado claro em trabalhos anteriores, especialmente no Manifesto Comunista, que não via o capitalismo como um regime danoso e antagônico