metodos
Antecedentes históricos, paradigmas contemporâneos e uma nova razão para um novo conhecimento
João Lima Sant’Anna Neto
Laboratório de Climatologia
Departamento de Geografia da FCT/UNESP
Grupo de Pesquisa “Climatologia Geográfica” (CNPq).
Correio eletrônico: joaolima@prudente.unesp.br
Resumo
Este artigo trata da proposição de uma Geografia do Clima, contrapondo-se à noção de uma Climatologia Geográfica. Para tanto, recorrendo aos primórdios da Climatologia no Brasil, buscou-se estabelecer as bases conceituais da incorporação do fenômeno climático à ciência geográfica. Discute-se a revolução paradigmática iniciada por Max
Sorre e a proposta de Monteiro, a partir da incorporação da noção de ritmo como novo paradigma para a análise geográfica do clima. Argumenta-se sobre a necessidade de se produzir uma readequação destes conceitos à luz do processo de globalização e mundialização, assumindo os conceitos de apropriação da natureza por uma sociedade estabelecida em classes sociais. Por fim, propõe-se uma discussão que considere uma nova razão para um novo conhecimento do fenômeno climático numa perspectiva social e da valoração dos recursos naturais.
Palavras-chave
Climatologia geográfica – Geografia do clima – história da climatologia – evolução do pensamento geográfico – paradigmas.
Terra Livre
São Paulo
n. 17
p. 49-62
2o semestre/2001
49
JOÃO LIMA SANT’ANNA NETO
Antecedentes: os primórdios da Climatologia no Brasil
As comemorações dos 500 anos da “redescoberta” do Brasil trazem uma excelente oportunidade para a retomada das discussões sobre a história da ciência em nosso país.
Neste início de um novo milênio, a Geografia contemporânea brasileira tem demonstrado suficiente maturidade para, ao passar a limpo todo o processo de construção de seu arcabouço teórico, recolocar as questões fundamentais que interessam às leituras de seu objeto. Conhecer o processo pelo qual cada área do