Metodos Quantitativos

Esporte e Sociedade
A América no campo de baseball

ano 8, n 22, set.2013
Burlamaqui

A América no campo de baseball
Luiz Guilherme Burlamaqui
Universidade Federal Fluminense

Resenha crítica de Moneyball: the art of winning na unfair game, de Michael Lewis,
2001.
[Da mesma forma que] “A América se revela num campo de baseball”, foi assim que o antropólogo Clifford Geertz eternizou uma homologia simbólica entre a função dos rituais da briga de galos balineses e a fruição estética propiciada pelo baseball – e outras modalidades esportivas – na sociedade norte-americana. (1978:293) Numa tentativa de testar o método da descrição densa (“thick description”), Geertz verificava como que a despeito das diferenças, os rituais “esportivos” serviam como verdadeiras janelas em que determinadas representações do social se desnudavam como em raras oportunidades. Por isso, nosso ponto de partida será o de dizer que a tentativa de resenhar o livro do jornalista Michael Lewis– Moneyball: the art of winning an unfair game (2001) – parece se confundir com o esforço de recensear representações pertinentes acerca do que era a sociedade norte-americana no inicio do século XXI.1
Conquanto discuta numa linguagem bastante técnica, diria mesmo inacessível àqueles não iniciados no universo do baseball, o livro traz consigo as virtudes prototípicas de um recordista de vendas: é de digestão saborosa, a escrita é fluída, misturando historietas hilárias aos dramas individuais. Além disso, é inegável que se trata de um livro fundado numa pesquisa sólida, poderíamos dizer quase um “trabalho
1Best-seller amplamente conhecido nos Estados Unidos, a fábula narrada pelo livro se difundiu internacionalmente a partir de sua reconversão em filme homônimo – em português O homem que mudou o jogo (2011) – estrelado pelas vedetes hollywoodianas, Brad Pitt, Phillip Seymour Hoffman e Jonah Hill um verdadeiro sucesso de público e de crítica, pois chegou mesmo a ser nominado em