Metodologias de pesquisa e procedimentos técnicos: considerações para o uso em projetos de pesquisa em geografia
CLIMEP – Climatologia e Estudos da Paisagem, Rio Claro, SP, Brasil – eISSN: 1980-654X – está licenciada sob Licença Creative Commons
Fadel David Antonio Filho [1] Maria Dalva de Souza Dezan [2]
INTRODUÇÃO
Ao longo da história, a realidade já foi interpretada a partir de inúmeros parâmetros. Na antiguidade e nas sociedades primitivas, a realidade certamente era explicada através de mitos. Como explica Magee (1974, p. 64), biógrafo do filósofo alemão Karl Popper:
As primeiras descrições do mundo parecem ter sido animistas, mágicas, cheias de elementos vindos da superstição. Pôr em dúvida essas descrições ou qualquer outro fator que assegurava a coesão da tribo era tabu – e podia acarretar a morte dos dissidentes.
Assim, se sob nossa visão moderna a explicação mítica da realidade é considerada inconsistente, para aquelas sociedades e grupos humanos tratava-se de uma explicação objetiva da realidade.
Num momento posterior, o parâmetro mítico foi superado por uma visão teleológica, vinculada fortemente às crenças religiosas, que embutia a ideia de finalidade das coisas do mundo e da realidade (DEMO, 1985). Esta forma de interpretar a realidade e o mundo era, e ainda é, aceita por muitos como algo “revelado”, implicando a conotação de “sagrado”, como uma verdade que se encontra acima da capacidade de entendimento das pessoas e está estabelecida em ideias, valores imutáveis e certezas incontestáveis. Nesse sentido, Antonio
Climatologia e Estudos da Paisagem Rio Claro – Vol.4 – n.2 – julho/dezembro / 2009, p. 79
Filho (1999, p. 61) escreve que: “ [...] A interpretação do mundo, desta forma, embasada em concepções a priori, dispensa ou mesmo não admite contestações, juízo crítico, especulações, incertezas ou necessidade de comprovação.”
Numa fase seguinte do processo histórico, o movimento conhecido como Iluminismo (movimento