No texto “Ciência, metodologia e trabalho científico” foi apresentada uma crítica à visão tradicional da ciência. Na visão de ciência que existe, não é possível avaliar a adequação de uma técnica de pesquisa ou de análise, pensando na sua capacidade de acessar a realidade tal como ela é. Deste modo, nesta perspectiva não faz sentido escolher apenas analisar documentos ao invés de entrevistar sujeitos que participaram do processo político em questão, sob a alegação de que a entrevista seria menos capaz de acessar a realidade do que a análise de documentos (ou o inverso). Mattos (2011) considera que esta idéia de correspondência à realidade deveria ser completamente abandonada. Ao invés dela, para escolher uma técnica de pesquisa, propõe levar em conta a capacidade da mesma de contribuir para alcançar os propósitos de pesquisa. O autor aponta que é a adequação aos propósitos e não a suposta maior capacidade de desvendar a realidade que é importante no trabalho científico, assim nem todas as técnicas permitem responder as perguntas de pesquisa. Como os propósitos de uma pesquisa são construídos pelo pesquisador, a questão central no exame da qualidade de um trabalho científico diz respeito à adequação das escolhas metodológicas ao objeto da pesquisa. Este é um primeiro ponto que o autor ressaltou, enfatizando a idéia de que talvez aprimorando as habilidades de pesquisas acadêmicas e analisando exemplos de escolhas metodológicas em estudos concretos, aconteça uma maior eficácia no alcance do objetivo de uma pesquisa, do que percorrendo incansáveis inventários de técnicas disponíveis. Os caminhos percorridos pelos pesquisadores no processo que vai de seu difuso interesse por um tema até o desenho metodológico detalhado do estudo é profundamente subjetivo e variável. As histórias desses percursos em estudos concretos nem sempre coincidem com os relatos da metodologia nos textos. Quando lemos um texto acadêmico pronto (um