Metodologia
12 Ibid. Pág: 258.
5. A PRIMEIRA CERTEZA: “ PENSO, LOGO EXISTO”.
Descartes dedicou-se inteiramente à pesquisa da verdade, rejeitou como totalmente falso tudo aquilo o que era incerto: negou a existência do mundo, as coisas externas e até mesmo as verdades matemáticas sob a hipótese do gênio maligno, aceitou que tudo não passava de ilusão. Mas, ao concluir que teve a capacidade de duvidar, é por que certamente deveria ser alguma coisa. Se o gênio maligno o enganava, só poderia na realidade existir.
[...] Mas eu me convenci de que nada existia no mundo, que não havia céu algum, terra alguma, espíritos alguns, nem corpos alguns; logo, não me convenci também de que eu não existia? Com certeza, não; sem dúvida eu existia, se é que me convenci ou só pensei ser alguma coisa. Mas existe alguém, não sei quem, enganador muito poderoso, que dedica todo o seu empenho em enganar-me sempre. Não há então, alguma dúvida de que existo se ele me engana; e por mais que me engane, nunca poderá fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De maneira que, depois de haver pensado bastante nisto e analisado cuidadosamente todas as coisas, se faz necessário concluir e ter por inalterável que esta proposição, eu sou, eu existo, é obrigatoriamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito. 12 Volume 3, Número 3, Ano 3, Setembro 2010 Revista Pesquisa em Foco: Educação e Filosofia ISSN 1983-3946 130
Descartes chega à certeza da sua existência, garantida pelo processo de pensar, a conclusão em que chegou, ou seja, o “eu sou, eu existo” era verdade sempre que a formulava em sua mente, em seu pensamento. A sua existência é por tanto a primeira certeza encontrada, uma verdade tão evidente que não se pode duvidar da sua veracidade. Mas o que deveria ser já que seus argumentos abalaram completamente suas convicções em relação ao que pensava que era? Antes achava que era provido de matéria e que a conhecia