Meteorologia Historia
No dia 11 de julho de 1887 ocorreu uma terrível tempestade no litoral do Rio Grande do Sul, nas proximidades da barra do Rio Grande, a qual resultou no trágico naufrágio do Rio-Apa, um navio de passageiros que fazia o trajeto entre o Rio de Janeiro e Montevidéu conduzindo cerca de
160 pessoas a bordo. À exceção de uns poucos passageiros que haviam desembarcado no meio do caminho, o naufrágio não deixou sobreviventes. O episódio causou uma comoção muito forte nas elites brasileiras, e durante dias seguidos ocupou as manchetes dos principais jornais do Rio de
Janeiro. (Barboza, 2006)
Naquela época, os Estados Unidos e diversos países europeus já possuíam serviços de previsão do tempo cujo principal objetivo era evitar este tipo de tragédia. Em linhas gerais estes serviços haviam sido criados com base no pressuposto de que a trajetória das tempestades podia ser inferida, com alguma antecipação, a partir de uma análise das isóbaras traçadas em um mapa com os dados fornecidos por uma rede de estações meteorológicas interligadas pelo telégrafo. (Fleming,
1990; Nebeker, 1995; Barboza, 2005)
Quanto ao Brasil, este possuía algumas instituições onde eram regularmente realizadas observações meteorológicas, como a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, a Repartição dos Telégrafos, a Repartição Hidrográfica e o Imperial Observatório do Rio de Janeiro - hoje
Observatório Nacional. (Santos, 2005) Apenas nestas duas últimas, porém, haviam sido iniciados estudos com vistas ao estabelecimento de uma rede de estações meteorológicas e à criação de um serviço de previsão do tempo no país.
Por iniciativa da Repartição Hidrográfica, instituição ligada ao Ministério da Marinha, fora apresentado à Assembléia Legislativa, em 1886, um projeto visando a criação de uma rede de estações meteorológicas no Brasil, interligadas pelo telégrafo e operadas por oficiais. Seu principal objetivo era contribuir à navegação.